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Menos responsabilidade

  • Foto do escritor: Sandra Brandão
    Sandra Brandão
  • 29 de fev. de 2024
  • 2 min de leitura

Quanto pesa em seus ombros, a cada aconselhamento jurídico, a palavrinha “responsabilidade”?


Pode ser que não seja um peso e sim uma vibração, uma sensação de bem servir.


Talvez faça parte do resultado de uma jornada cheia de criatividade, estudo e trabalho em equipe, trazendo aquela sensação boa de missão cumprida.


Vira e mexe, faz parte daquela dúvida eterna: vai dar certo? E se?


Talvez um mix de tudo isso. Possivelmente depende de seu perfil, da equipe, de cada contexto ou da fase profissional.


Tudo depende, não é mesmo?


Dia desses estive a refletir sobre a frase de uma amiga advogada muito competente. Falávamos sobre diminuir o ritmo, senão agora, em alguns anos. Aí, logo vem o tom de “pelo menos diminuir a responsabilidade”.


De onde vem essa sensação? Esse peso?

A verdade é que, no contexto das universidades, escritórios, empresas e livros jurídicos, o advogado é treinado para exercer uma função assistencial, prescritiva, de grande expert detentor do conhecimento das leis, cuja obrigação maior é trazer certezas e segurança jurídica ao cliente. Quase um salvador.


Não descarto também a forte valorização da auto importância do advogado no exercício de suas funções, talvez pelo sistema em que se encontra, sempre colocado diante ou em confronto a outros intitulados “poderes”, como o Judiciário.


E se nos treinássemos para ter mais abertura, curiosidade e humildade, funcionando mais como facilitadores da conexão das partes, sejam contratuais, processuais, em negociação etc., e menos como experts? Menos como paredes de proteção e mais como pontes?





Não se trata de ir contra o positivismo jurídico, de adequar o caso à lei, mas de ir além, agregando esse conhecimento técnico a uma jornada maior, que passa por ouvir todos os envolvidos, tratar adultos como adultos, trazer à tona elefantes escondidos embaixo da mesa e começar de uma página em branco, facilitando um caminho mais próximo à realidade do que as ilusões jurídicas que escrevemos quando estamos muito sozinhos.


Teria a “responsabilidade”, nesse cenário, um tom mais divertido? Não seria um Direito mais próximo de sua humanidade?


Até porque, além da saúde mental que agradece, me parece que a lógica linear será bem atendida pela Inteligência Artificial.

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