Franchising
- Sandra Brandão
- 21 de dez. de 2023
- 2 min de leitura
Atualizado: 19 de jan. de 2024

Já se vão 30 anos trabalhando nessa área. Eis um negócio com super potencial para disseminar um relacionamento comercial de cooperação, mas quem disse que o contrato ajuda!
Bom, esta é só uma opinião e não a verdade absoluta.
Ainda assim, parece ser o lugar onde o contrato pode ser visto para além de um tratado de regras e proteções, funcionando também como uma ferramenta de apoio ao alinhamento de discurso e conexão interna em forma de cultura.
Em outras palavras, recentemente tivemos a oportunidade de revisar o teor do contrato de franquia padrão de uma rede que tinha as seguintes demandas: (1) tirar o tom impositivo da redação; (2) ser algo que “conversasse” com o candidato a franqueado; (3) que facilitasse a vida do pessoal de expansão (venda de franquias) e do dono da empresa franqueadora, que sempre eram chamados a explicar e explicar cláusulas e cláusulas; e, por fim, (4) clareza em relação a pontos de frequente dúvida ou conflito na relação da franqueadora com alguns de seus franqueados.
A nota alta vai para a franqueadora, pois é quem abraça o modo de fazer um contrato. “O papel aceita tudo”, como diz o ditado popular. Então, ter a oportunidade de facilitar a construção do instrumento no lugar de fazê-lo, só porque somos advogados, é um grande presente.
Um dos passos neste caminho foi o de misturar, numa mesma reunião, com preparo de ambiente seguro e transparente, dono da franquia, equipe de expansão, franqueado antigo “que funciona”, franqueado “novo que tem fortes reclamações”, equipe de operações e consultor externo.
Como resultado, foi possível colocar as cláusulas em ordem coerente com o modelo mental de leitura dos empresários atraídos ou experientes naquele ramo, seja por questão de interesse ou potencial de (des)alinhamento de expectativa. Outro mudança aconteceu na redação em si, que pôde aproveitar das palavras de quem usa o contrato, explicando o que antes precisava ser explicado.
Considerando o desafio da complexidade de uma série de figuras jurídicas que envolvem a proteção da marca, know how do negócio, padrões relevantes a um sistema que quer ser visto como um só aos olhos do consumidor, cujas cláusulas não conseguimos simplificar o tanto que nos pareceu necessário, optou-se por alguns esclarecimentos escritos em seu início.
De um modo geral, talvez como pano de fundo para sustentar as técnicas de escrita, estava a atenção para que o instrumento refletisse frases, conceitos, aspirações, necessidades, sentimentos, propósito etc. do grupo entrevistado, que pareceu demonstrar a cultura que conectava a todos.
Agora é usar e testar. Não sua validade ou eficácia jurídica, porque estas estão presentes, mas nossa aspiração de que o uso do contrato ajude os empresários e suas equipes a estarem alinhados na cultura da marca.
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