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A natureza nos ensina

  • Foto do escritor: Sandra Brandão
    Sandra Brandão
  • 6 de jun. de 2024
  • 2 min de leitura




Contemplar a natureza, sem pressa, tem sido uma boa forma de me abrir para insights. O engraçado é que na hora de contar ou escrever parecem tão óbvios, já que as palavras não conseguem representar o impacto da experiência de um momento divino de abertura.


De toda forma, vou arriscar.


Esta semana fiz home-office no apartamento da praia. Adoro. Nada como começar o dia com uma boa corrida ou caminhada na praia. No primeiro dia, um lindo céu azul com o sol ainda nascendo. Notei um grupo de pássaros planando, aproveitando a corrente de ar quente. Molhei os pés no mar que estava levemente agitado pela influência da lua. As árvores verdes e reluzentes, calmas pela falta de qualquer brisa que as balançasse.


Era impossível não notar a interdependência de todas as coisas, que nada estava separado. Lua, mar, corrente de ar, pássaros, árvores. Eu.


No dia imediatamente seguinte, como é bem típico de ambientes praianos e após uma virada violenta do tempo na noite anterior, a praia estava cinza, chovendo forte e com muito vento. Os pássaros, sábios, estavam abrigados, as árvores tratando de fazer uso de suas raízes profundas para dar conta do forte chacoalhar e o mar, agitadíssimo. Também eu fiquei abrigada, observando pelo vidro e ponderando…


...Como posso eu achar que entro no meu escritório, em reuniões, aconselhamentos jurídicos, contratos etc. definindo caminhos a partir de mim? Do meu saber, das minhas necessidades, das minhas percepções. Quanto perco ou quanto me iludo cada vez que deixo de me notar integrada às pessoas e circunstâncias, as quais nem permanente são? Mudam momento a momento.


Qualidades como abertura, curiosidade, flexibilidade, disponibilidade, humildade, generosidade, compaixão e discernimento, tão necessárias na advocacia, até podem ser aprendidas, com estudo e práticas dedicadas a tal fim. Temos a Comunicação Não Violenta (CNV), práticas de escuta ativa, entre outras, as quais muito me ajudam e recomendo. No entanto, na minha experiência pessoal, percebo que ao dar espaço e cuidar das lentes para que tais qualidades possam surgir de forma autêntica, a prática encontra um trilho de menor esforço e maior confiança.


Para isso é preciso contemplar, dar espaço, partilhar, ter mais perguntas que respostas e interser (termo cunhado por Thich Nhat Hanh).

Acho que falamos muito pouco ou quase nada sobre isso. Direito não é só sobre livros, jurisprudência, doutrina e técnicas cognitivas. É, essencialmente, uma das áreas das humanidades.

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