MEL
- Sandra Brandão
- 19 de jan. de 2024
- 2 min de leitura

Hoje me encontrei com a melhor versão de mim mesma, simplesmente por contemplar a Mel, minha cadelinha, cheirando o ar por um longo momento na porta do meu prédio.
Me lembrei que ela era minha companheira de corrida no parque do Ibirapuera e que quando começou a ficar cega, e não podia mais correr, simplesmente não consegui seguir com o esporte. Passei a caminhar, pois assim era possível ir com ela. Estar com ela era importante. Sempre pareceu único e autêntico a respeito de mim mesma.
Depois lembrei de nossos passeios na praia de Itaguaré. Sempre brinco que quando entro nessa praia com a Mel, paisagem, cheiros e espaço, digo a Deus que é o melhor lugar do mundo para estar. Mas, depois, aviso que não quero deixar de conhecer outros. Rs. Vai que ele leva ao pé da letra!
Algo me conecta à minha melhor versão quando estou com ela. Talvez por trazer certa simplicidade e fluidez de vida.
Atualmente ela não consegue nem mais ir às caminhadas. Comprei uma mochila para levá-la à praia e, em São Paulo, as caminhadas passaram a ser de meio quarteirão. Isso me deixou triste e desalinhada, especialmente por vê-la tão quietinha em casa.
Pequeno corte de cena para falar sobre um aprendizado maravilhoso com um querido professor de Yoga ontem. Às vezes, quando temos uma dor (ele se referia à física), congelamos além do local machucado, porque ficamos presos àquela dor. Se, ao invés disso, experimentamos, de forma consciente, outros movimentos periféricos, haja ou não cura para aquela dor, ao menos não congelamos além do necessário. “Isso serve para além da dor física”, pensei. Pois foi isso que então ele prosseguiu dizendo.
Independentemente da possibilidade de cura, há vida em sua periferia, que ficaria congelada se tudo que olhamos é a dor. Meu professor ainda disse que, eventualmente, até arriscamos encontrar um novo centro ou trilho, num lugar novo.
Foi o que percebi ao olhar a riqueza de ter uma cadelinha ceguinha, que anda meio quarteirão e me dá o prazer de ver quanta vida há no simples respirar e cheirar do ar da manhã.
Comments